domingo, 16 de setembro de 2007

"Flexi-discussão"

Caros leitores, com a intenção de fazer valer a utilidade da existência de um blog, abro a porta à discussão e à opinião pessoal.

O tema escolhido por mim relaciona-se com uma das características mais inovadoras de um conceito implementado em tempos anteriores, e que ainda decorre, de Estado social, ou seja, o "Estado Providência". Essa característica é recente e em Portugal ainda faz parte do futuro.
Falo, da "Flexigurança".

É uma palavra composta através da contracção das palavras "flexibilidade" e "segurança", que tenta indiciar o que as palavras assim o indicam, no trabalho. Como?

Esta medida adveio do projecto político dinamarquês, e tem como objectivos promover uma maior flexibilidade na altura da contratação e despedimento de trabalhadores e, ao mesmo tempo, uma maior segurança relativamente ao seu reemprego no mercado de trabalho tentando transmitir a ideia de "provisório" no momento em que se está desempregado. O Estado arroga-se, naturalmente, da posição de mediador principal entre o trabalhador e o posto de trabalho, as empresas, colocando-os em postos de trabalho disponíveis a qualquer momento (criando, com isto, a afirmação oficial prática da noção de "polivalência" no trabalho) ou dando-lhes formação profissional no período de espera tornando o trabalhador melhor apto às exigências do mercado de trabalho, lidando de perto com o trabalhador. Esta medida faz retirar a intervenção das empresas neste ciclo "migratório" de trabalhadores, contratação/despedimento, não deixando de fora o trabalhador deste ciclo mesmo estando desempregado enquanto procura actividade profissional remunerada, reduzindo, assim, a massa desempregada verdadeiramente desempregada.
Para que tal medida resulte em melhorias, é necessário que haja investimento na criação de postos de trabalho, políticas de fomento direccionadas às empresas possivelmente empregadoras incentivando a sua actividade no país, entre outras. Para além do Estado, o trabalhador, em usufruto da sua actividade mental, também terá de se mostrar mais eficaz nas suas pretensões e nos seus objectivos pessoais no momento em que procura emprego e quando está empregado, abrindo, com isto, um conjunto de dúvidas a serem explanadas de seguida visto que certezas, para já, não há nenhumas.
Abrido a questão,
Será esta uma medida adequada à situação do país e ao país em si, Portugal?
Terá repercussões semelhantes às encontradas na Dinamarca, país com um contexto geral e um estilo de vida, em quase tudo, senão em tudo, diferentes?
Sem querer moldar a visão de leitores com desconhecimento de causa, fiz uma pequena introdução acerca do tema proposto tentando contextualizá-lo, e , ao mesmo tempo, tentando ser o menos parcial possível, sem com isso deixar de estar motivado.
Para os demais interessados, peço que deixem opiniões, comentários, esclarecimentos se assim acharem por bem, correcções ao texto escrito, o que acharem segundo a vossa necessidade, na devida alínea "comentários".

2 comentários:

Hernâni Lamego disse...

Venho tentar dar sequência à Motivação de Paços Mota começando por fazer alguns esclarecimentos se bem que de forma abreviada.

Na realidade, esse motor laboral, económico e social que dá pelo nome de Flexisegurança ( e não Flexigurança ) é vista com bons olhos por todos aqueles portugueses que não têm grandes garantias quanto ao seu futuro profissional... mas o mesmo não deixa de ser verdade aos olhos de muitos outros países que se encontram em melhor situação que Portugal.

Isto é, a aplicação desse sistema no nosso país, por enquanto e igualmente por muito tempo, será certamente uma utopia, pois tal não é aplicavél numa sociedade como a nossa que padece de determinadas características estruturais que são necessárias.

É quase como chegar ao seio de uma tribo indígena da Africa Central e querer passar-lhes um cheque.

«O sistema dinamarquês de flexisegurança baseia-se assim em:

- elevada carga fiscal para todos (indivíduos e empresas), todos se
orgulham em pagar impostos

- subsídio de desemprego elevado e permanente até encontrar novo
emprego

- politica de obrigação de encontrar emprego (não pode continuar a
negar empregar-se)

- empresários e trabalhadores empenhados em cooperar para o
interesse geral de todos.

- protecção do indivíduo e não dos postos de trabalho

- elevada flexibilidade na admissão e demissão de trabalhadores

- crescimento económico sustentado e finanças públicas saudáveis

- sólidas infraestruturas sóciais e excelente funcionamento do
funcionalismo público

- condições favoráveis de funcionamento às empresas


Principais elementos de comparação entre os 15 países da União
Europeia:

1) Competitividade internacional
Dinamarca - 1º. Lugar
Portugal - último lugar

2) Partes atingidas por acordos colectivos
Dinamarca - todos os trabalhadores
Portugal - sem informação

3) Segurança de Emprego
Dinamarca - 1º. Lugar
Portugal - Penúltimo lugar

4) Satisfação com o emprego
Dinamarca - 1º. Lugar (90% satisfação)
Portugal - antepenúltimo lugar (70%)

5) Nível de bem-estar económico
Dinamarca - 1º. Lugar
Portugal - último lugar

6) Protecção dos trabalhadores com emprego tradicional
Portugal - 1º. Lugar
Dinamarca - penúltimo lugar»

FONTE: Noticias da AIRO Agosto/Setembro 2006 Nº36 Página 8

Mary disse...

Um dia destes retomo este tema nas aulas e aí, então, espero poder contribuir para o assunto de forma mais profunda.. para já, agradeço aos participantes os esclarecimentos..