domingo, 9 de setembro de 2007

"You can't always get what you want"

"You can´t always get what you want (..)
But if you try sometimes well
You just might find you get what you need"
Não é fácil querer-se algo e esse objectivo ser inatingível ... não é fácil lidar-se com a frustração de não se ter algo que se deseja.
Há quem lhe chame "o mal das sociedades modernas", onde domina o imediatismo, o império do querer individual como expoente máximo das realização pessoal. A verdade é que o facilitismo da sociedade hodierna incita-nos a querer desmesuradamente (ter, consumir, esbanjar) sem nos preparar, todavia, para a realidade de não podermos ter tudo o que queremos.
Apesar desta preponderância da vontade se afirmar com grande importância nos nossos dias, esta é uma característica intrínseca do ser humano que, desde há milénios, nos vem fazendo evoluir. É este desejo de querer cada dia mais e de permanente luta pela superação dos limites que impulsiona a humanidade.
No entanto, actualmente, apesar de as pessoas quererem cada vez mais, e a um ritmo cada vez mais acelerado, essa dinâmica não se traduz numa maior força de vontade e persistência. Pelo contrário, somos uma sociedade de insatisfeitos - deprimidos -, que nada fazem em prol dos seus objectivos, limitando-se a lamentar as suas argruras sem perceber que é a eles que cabe essa resposta aos desafios.
Ainda assim, há que perceber que nem sempre conseguimos o que queremos ... por vezes, há dados que não dependem única e exclusivamente de nós, da nossa dedicação, vontade e esforço e esse é um sentimento para o qual a nossa sociendade não nos prepara.
Temos de aprender a lidar com as pequenas - ou grandes - derrotas sem nos deixarmos abalar ao ponto de perdermos a confiança em nós próprios e nas nossas capacidades. Uma perda ou uma desilusão não são, necessariamente, definitivas. A vida será sempre uma sequência de encontros e desncontros, em que tudo é passível de ser mudado (quanto mais não seja a forma como encaramos uma realidade, em si, imutável para que, aceitando-a, sejamos um pouco mais felizes).
É legítimo querermos sempre mais mas o equilíbrio estará em sabermos balançar as nossas ambições com a nossa capacidade de sermos felizes pois cada limite que ultrapassamos não será nunca o último, uma vez que a vida é uma sucessão de desafios, residindo aí a sua beleza.
A sabedoria estará em conseguirmos encarar a ansiedade dessa busca perpétua e, ainda assim, sermos capazes de encontrar a felicidade no seio das nossas "conquistas". Seremos, então, felizes por lutarmos pelo que desejamos e por persistirmos no caminho que, dia a dia, decidimos trilhar.

Esta é uma reflexão Motivada pelos versos de uma música dos "Rolling Stones", acima transcritos...

3 comentários:

Hernâni Lamego disse...

Concordo na sua totalidade e creio tratar-se de uma reflexão muito bonita.
No entanto gostaria de deixar clara uma opinião da qual estou plenamente convicto. Creio tratar-se em muito de uma questão historico-cultural.
Nem todas as "sociedades de todas as nações" desenvolvidas ou sub-desenvolvidas encaram a vida e realização pessoal da mesma maneira. Com certeza que o desenvolvimento traz a alienação de tudo, incluindo a do espirito, mas diferentes povos lidam de forma diferente com isso. Desde o século XVII que o nosso país só conhece a derrota face aos outros povos e isso estimula ainda mais a ilusão de que é muito facil ser o melhor dos mais fracos. Acho que reside aí o problema: a falta de lucidez da maioria das pessoas, da nossa gente, em perceber que existe uma dose enorme de Estruturalismo que nos faz mais fracos ou mais fortes nesta aldeia global, de sistemas e bipolarismos. Existe sempre um Motivo para sermos quem o que somos.
Cada um de nós deve aceitar as suas limitações, pois a frustração só nos vai trazer mais limitações ainda.
Cada um de nós deve entender qual o nosso papel entre os outros e saber viver com isso. Creio que não é fácil encontrar o verdadeiro caminho para a felicidade, que só se atinje a partir da realização pessoal.

Eu só encontrarei um coração, quando perceber QUE e PORQUE sou de lata...

Mary disse...

A propósito disto lia ontem mais umas páginas da "valsa do adeus", Milan Kundera.. A verdade é que o desejo de sermos admirados é sem dúvida um desejo supremo (seja ele no plano físico, espiritual, intelectual,...) que nos leva a desejar sempre mais... e isso é intemporal...faz o homem lutar por ultrapassar limitações, desenvolver-se, mas faz também cair no abismo do individualismo e da alienação..
Do meu ponto de vista não é, por isso, apenas uma questão histórico-cultural, é sobretudo uma questão social, que obviamente se situa num tempo (se o quisermos assim analisar), mas que se relaciona com a vida em sociedade e, dessa forma, da luta do homem contra o homem.. nada de mais intemporal!

Paços Dias Aguiar Mota disse...

Apenas neste dia consegui ler o que escreveste na sua totalidade e ainda bem que o fiz porque, neste aspecto, penso o mesmo. É uma reflexão, uma opinião muito interessante que vale por si e que diz muito da arrumação mental de quem a escreve. Não tenho mais a acrescentar à reflexão, se tiver no futuro aí o farei.